sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
A QUALIDADE DA EDUCAÇÃO NO BRASIL E NO SEMI-ÁRIDO
A qualidade da educação no Brasil
Por Salvador Ribeiro de Souza
Vejo com muita preocupação a questão da qualidade do ensino público no Brasil, especialmente na região semi-árida nordestina, por ser a região mais pobre deste país. O ensino é insuficiente, desfocado, retrógrado e sem perspectiva de melhora significativa em curto prazo.
Um dos grandes problemas da má qualidade do ensino nesta região é o despreparo de boa parte dos professores que foram aprovados em concurso público fraudulento. Para corrigir esta distorção é necessário que os poderes públicos locais ofereçam cursos periódicos de reciclagem e condições para que esses professores tenham acesso facilitado às faculdades.
Outro problema grave é a educação sócio-familiar que vem se deteriorando a cada dia, pois não cultuamos mais os ingredientes dos pilares das relações de boa convivência do povo sertanejo. O advento da televisão e da novela se tornou o maior instrumento de deturpação da cultura de raízes sertanejas. Estamos perdendo os últimos remanescentes vivos dessa cultura, que é fundamentada na honestidade, respeito, amizade, religiosidade, sabedoria e boa prosa. Cito como exemplo: Chiquinho Vilasboas, Altino da Cabaças, Luis Pereira, Pedro Oliveira, entre tantos outros. Resgatar esses valores não será tarefa fácil, porém devem ser lembrados e valorizados principalmente pelas escolas.
No semi-árido o ensino deveria enfocar os temas relacionados à realidade da região, incentivando e orientando os jovens a plantar, criar, colher, comercializar e preservar, pois a maioria de suas famílias tem ou deveria ter como fonte de renda estas atividades.
O ensino fundamental e médio precisa de uma reformulação. O governo Lula tem dado importantes passos nesse sentido, com a aprovação da FUNDEB e a criação do piso nacional do magistério, que está fixado em 950,00 ( ano 2008), porém deveriam ser adotados três níveis de qualificação e de salários, respectivamente, sendo este o piso base. Quanto mais alto o grau de qualificação, mais alto o salário, forçando assim o professor a buscar sempre a qualificação e o aperfeiçoamento, através da internet, leitura, etc., até porque conhecimento não só se adquire nos bancos das escolas. O exame de avaliação deveria ser feito nos moldes do ENEM, quadrianualmente. Também é necessário incluir novas matérias no currículo escolar, tais como : filosofia, técnicas de convivência sustentável no sertão, conceitos básicos de economia e consumo racional.
A filosofia levaria os jovens a conhecerem a si próprios, compreendendo seus sentimentos, emoções, razões e ações, indagando quem fui, quem sou, quem serei e o porquê. Levando a conhecer e a entender as ações e relações da sociedade e comunidade onde eles vivem e mostrando a importância dos velhos e bons conceitos da cultura sertaneja.
O estudo dos conceitos básicos de economia, técnicas de convívio sustentável no sertão e consumo racional, fundiria no mesmo tema, objetivando mostrar aos jovens estudantes o potencial econômico desta região, orientando e estimulando o empreendedorismo rural e urbano, tais como: abertura de pequenos negócios, produção agrícola, agro-industrial, artesanal e extrativista, com auto-sustentabilidade do ecossistema caatingueiro, evidenciando que é possível gerar renda no seu próprio município e comunidade, despertando este jovem para as consequências econômica e ambiental do consumo exacerbado de produtos e artigos descartáveis e supérfluos, que em nada contribuem para nossa qualidade de vida, imposto pelo capitalismo selvagem que está colocando o planeta terra à beira do colapso.
Salvador Ribeiro de Souza (Caxião)
Lagoa Real - BA, 18 de agôsto de 2008
Postado neste blog em 12/fevereiro/2010
Publicado também no grupo Ambiente Social
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